quinta-feira, 26 de março de 2009

CICLO DE DEBATES SOBRE O LAZER - UNICAMP‏

Desde o século XIX, o lazer e outras formas de ocupação do tempo
livre vem ocupando a pauta de preocupações de governantes,
empresários e intelectuais. Constituindo-se, desde então, em uma
espécie de "problema social", o tempo livre e o lazer vem sendo alvo
de intervenções e reflexões das mais diversas ordens. Dois fatos
significativos comprovam a afirmativa; em 1880, Paul Lafargue
escrevia O direito à preguiça; enquanto nos Estados Unidos de 1896,
Thorsten Veblen publicara seu até hoje influente livro sobre A teoria
da classe ociosa.
Mas, é somente a partir da década de 1920 que pesquisas sobre
as formas de fruição do tempo livre da população em geral começam a
figurar na agenda de grandes pesquisadores, especialmente de
cientistas sociais norte-americanos. Nos anos seguintes, a presença
de figuras de peso como Ruth Benedict, com seu famoso ensaio de 1957,
intitulado The pattern of leisure in contemporary american culture,
consolidam a questão neste âmbito de estudo e criam as bases para uma
institucionalização disciplinar. Logo se vê o surgimento de um corpo
de saberes especializados com a cristalização de uma "sociologia do
lazer". Em 1952 foi fundada a World Leisure Organization: entidade
não governamental dedicada à promoção do lazer como vetor de
desenvolvimento. Ao longo dos anos 1960 e 1970, surgiram associações
científicas internacionais e também periódicos dedicados ao assunto.
É a consolidação e consagração definitiva dos estudos a respeito dos
problemas do uso do tempo livre nas sociedades urbanas e industriais.
No Brasil, em 1959, Acácio Ferreira publicava Lazer Operário,
obra que é convencionalmente tomada como o marco nacional para os
estudos do lazer. Isto não significa que iniciativas públicas de
recreação e lazer não haviam sido pensadas em nosso País
anteriormente, exemplos disso são os Centros de Recreio Operário, em
São Paulo, geridos por Nicanor Miranda, na gestão de Mário de Andrade
a frente da Secretaria de Educação (MARCASSA, 2003) e os Jardins de
Recreio, em Porto Alegre, com Frederico Guilherme Gaelzer (AMARAL,
2001). Ambas as iniciativas datam da segunda década do século XX.
Em 1950, o antigo Serviço de Recreação Pública de Porto
Alegre passou a denominar-se Departamento Municipal de Educação
Física e a cuidar das políticas recreativas da cidade. Paralelamente
a isto, a Escola de Educação Física, hoje Escola de Educação Física
da UFRGS, realizava, em 1954 e 1963, duas edições de cursos de
recreação para professores de educação física.
A partir da década de 1960, Joffre Dumazedier passaria a ter uma
presença regular no país. E, em 1970, criava-se um curso de
especialização em Sociologia do Lazer e do Trabalho na Escola de
Sociologia e Política de São Paulo, e também o Centro de Estudos em
Lazer (CELAR), na Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre,
que se conveniou com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Este
último destinava-se - além de fazer um debate acadêmico sobre a área -
a proporcionar o debate em torno da "não alienação e da re-criação
de valores para àqueles que trabalhavam com recreação e lazer" (PMPA,
s.d.). Mais ou menos nessa época iniciam-se também os Seminários
sobre o lazer, organizados primeiramente em São Paulo pelo Serviço
Social do Comércio. Em 1974, o sociólogo Renato Requixa, que já
estava envolvido com aquelas discussões, publica As dimensões do
lazer. Daí em diante o tema vai paulatinamente ganhando relevância e
um campo de pesquisas vai se estruturando de maneira cada vez mais
evidente.
Ao longo da década de 1980 novas lideranças intelectuais vão
surgindo e se alternando, e novos empreendimentos vão se
constituindo. Em 1988, por exemplo, organiza-se o Encontro Nacional
de Recreação e Lazer (Enarel), que se realiza até os dias de hoje,
mobilizando considerável contingente de especialistas e interessados
na temática.
No processo desta difusão, um grupo de professores da
Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas
(FEF/Unicamp) desempenhou, a partir dessa mesma época, um papel
deveras importante. Pesquisadores sobre o lazer surgiram na Unicamp e
exerceram grande influência, quer através da marcação teórica do
debate em torno do lazer, quer através da formação de novos
pesquisadores, que nos anos seguintes ocupariam posições-chave nesse
campo investigativo. Na esteira de suas ações, no fim dos anos 1990,
iniciou-se a organização dos Ciclos de Debate sobre Lazer e
Motricidade. Tendo algumas edições publicadas em livro, o evento
também pode ser tomado como uma significativa colaboração desse grupo
para discussões nesse sentido.
Considerando-se, portanto, o protagonismo e o papel histórico
ocupado - em âmbito nacional - pela FEF/Unicamp na estruturação e
consolidação dos estudos do lazer no Brasil, parece mesmo oportuno, e
conveniente, a insistência para a difusão de conhecimentos em torno
desse fenômeno que é o lazer. É desse modo que apresentamos o Ciclo
de Debates sobre o Lazer.
Trata-se de uma iniciativa do Grupo de Estudo e Pesquisa em
Políticas Públicas e Lazer, da FEF/Unicamp. A metodologia do ciclo
será de organização de palestras, com periodicidade mensal, em que
novos temas, tendências e problemas - tanto na atuação quanto na
pesquisa sobre o lazer - possam ser apresentados e discutidos juntos
à comunidade acadêmica da Unicamp de modo geral. A intenção é
formatar um ciclo de debates de caráter regular e permanente, que
possa servir como instrumento de sensibilização quanto à pertinência
contemporânea do tema lazer no âmbito das reflexões da Educação
Física - e de outras áreas do conhecimento.

OBJETIVOS:
Promover debates sobre o lazer, sublinhando suas interfaces
com as dinâmicas sociais do mundo contemporâneo.
Sensibilizar e difundir junto à comunidade acadêmica as
potencialidades, urgências e limites dos debates em torno do lazer,
compreendido enquanto um fenômeno social.

Realização: Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Públicas
e Lazer (FEF / Unicamp).


Público-Alvo:
A comunidade acadêmica em geral, e da Unicamp, em especial,
além de interessados de uma maneira mais abrangente.

PROGRAMAÇÃO DO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2009:

Abril: 02/04 - Lazer e Modernidade - Prof. Ms.Cleber Augusto
Gonçalves Dias _ Doutorando da FEF-Unicamp

16/04 Psicosociologia del tiempo libre - Prof. Dr. Núria Codina
Mata - Departamento de Psicología Social- Universidad de Barcelona

Maio:
26/04 - Lazer e Parques Urbanos - Prof. Ms. Paulo Cezar Nunes Junior -
FEF-Unicamp
Junho:
23/06 - Gestão Matricial em Políticas Públicas - Prof. Dr. Gastão
Wagner de Sousa Campos - Faculdade de Ciências Médicas- Unicamp


Custos:
Nenhum.

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